quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mensagem do Aquém

Num lugar muito, muito distante, onde as montanhas são branquinhas e brilhantes como "minas de coca"(pode ver no Googleearth), os moradores não sabem dizer o nome da rua em que moram, muitos deles assemelhando-se a maconheiros(caso não sejam).....Este lugar, só vendo para crer(como o nome sugere), é São Thomé das Letras.




     Para um primeiro dia eu estava completamente só e desamparado, como bom carioca eu jamais pediria ajuda em uma rodoviária.....mas resolvi ir andando, afinal eu não podia estar longe de algo numa cidade que tem, quando muito, o tamanho da Praça XV. 
    Sem confiança de seguir uma informação pois os nativos, como eu disse, mal sabem dizer o seu endereço.  No entanto com muita sorte ou por obra e graça de São Thomé(como queiram),  achei a pousada em que eu ficaria.
    No segundo episódio eu já estava instalado e com uma boa noite de sono, porém ainda meio perdido e sem muita informação, felizmente achei um lugar com pessoas treinadas para dar informação a turistas(precisa de capacitação para dar informação?), e decidi visitar uma cachoeira. 
     Ainda não muito seguro da minha decisão comecei minha longa caminhada, porém no meio do caminho não tinha mais pedra!(e olha que isso aqui parece uma pedreira). É verdade....eu estava na saída da cidade e a caminho da próxima, numa pequena estrada de barro e pó de pedra, disputando espaço com eventuais veículos que levantavam uma poeira intragável....após uns 20 minutos eu tive a "sorte?" de encontrar um casal de amigos nativos do local, indo para lá....Agora eu não estava mais só, e pra fazer companhia, nestas circunstâncias, vale até cachorro!
 


 
     Meus companheiros de jornada me levaram em "segurança?" até a tal cachoeira, e o papo da caminhada foi ótimo....a garota contando como viajava por aí sem grana e trabalhando para pagar as contas, da sua gravidez mal-sucedida de um turista carioca....etc.  Já o rapaz era uma figuraça com papo-cabeça-furado-místico-filosófico, filho do dono de uma loja de produtos esotéricos da cidade.  Jurava para mim que tinha uma ladeira que o carro subia desengrenado, puxado pelo magnetismo do local.....Eu até engulo estória de disco voador....mas essa da ladeira é manjada....
     No retorno, ao fim da tarde, comentei que seria difícil encarar toda a caminhada ladeira acima, comendo terra...Fui tranquilizado pela garota: _ Calma carioca!  Senta aí, não paga não!  A gente pede carona pro caminhão!(garota esperta).
 
 
     O primeiro que parou disse que só dava para dois, então deixamos um casal mais cansado ir na nossa frente, quanta gentileza, pelo menos eles não me deixaram na pista....Bastente tempo depois passou um caminhão e a garota foi de isca pedir carona, quando o cara parou eu e o rapaz levantamos, mas o caminhoneiro disse que do lado dele só dava a garota, e a gente ia na caçapa com a lenha.  Dei graças a Deus, se fosse o Lélio pisava fundo e deixava a gente comendo poeira....Saculejando lá em cima do caminhão, com galhos espinhentos machucando minha bunda, pior do que eu só mesmo dois vira-latas que subiam correndo e latindo atrás do caminhão, com uma forma física de dar inveja a um maratonista....
     Agora já no destino, após descer e agradecer a confortável viagem, encontramos o casal para o qual demos nossa vez e perguntamos porque ainda estavam ali já que tinham tanto tempo de dianteira, e com enorme cara-de-pau responderam que aproveitaram o tempo extra para fumar um bagulho....meus companheiros reagiram com enorme naturalidade, e eu sorri tentando disfarçar....  
 
 

     Ratifico dou testemunho e fé a estas palavras, apesar de terem sido contadas em tom de anedota, são a mais pura expressão da verdade.  Espero que este e-mail tenha trazido um momento de alegria para aliviar o estresse diário.